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Sindicatos não chegam a acordo e greve na construção civil continua

Do NE10
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Publicado em 26/11/2015 às 15:30
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Trabalhadores estão em greve desde o último dia 16 / Foto: Dênio Simões/ Agência Brasília

Trabalhadores estão em greve desde o último dia 16 Foto: Dênio Simões/ Agência Brasília

A greve dos trabalhadores da construção civil em Pernambuco (Marreta) entra, nesta sexta-feira (27), no 12º dia.

Terminou sem acordo a mais recente reunião de negociação entre representantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon-PE) e da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi) se reuniram com o Sindicato Dos Trabalhadores da Construção Civil (Marreta), ocorrida nessa quarta (25).

Nesta quinta-feira (26), os representantes patronais convocaram uma coletiva de imprensa para esclarecer sua versão do impasse. Os presidentes Gustavo Miranda e André Callou, da Sinduscon e Ademi respectivamente, explicaram que as tentativas de acordo acontecem há 54 dias, muito antes da deflagração da greve, ocorrida no último dia 16. Segundo eles, houve cerca de 15 encontros na tentativa de entrar num consenso sobre a "proposta fora da realidade do Marreta", segundo Gustavo.

Inicialmente, as principais reivindicações foram 20% de reajuste no salário e o cumprimento da data-base, estipulada para 1º de outubro. A contraproposta foi um pedido de crédito para que haja a recomposição em 1º de abril de 2016, mas que, ao decorrer das negociações teriam sido reduzidas até 1º de fevereiro. A justificativa é a dificuldade econômica que o setor sofre e a época "inoportuna para um grande reajuste".

André Callou mencionou ainda que, durante as discussões com o sindicato da Marreta, foi solicitada a limitação no uso de aparelhos celulares nos canteiros de obra durante o expediente. Segundo ele, o pedido sofreu resistência por parte da presidente do sindicato.

Os representantes patronais explicaram que, em caso de obrigação de um aumento, construtoras menores seriam levadas a realizar mais demissões.

O presidente da Siduscon afirmou que, em um dos encontros, foi acordado um aumento de 12%, desde que a data-base fosse adiada para 1º de abril, ponto que derrubou mais uma tentativa de fim da greve. Na coletiva, presidentes da classe patrocnal afirmaram que o índice de aumento foi aceito, assim como a data-base (que não foram revelados na coletiva), mas que o bloqueio, desta vez, ficou no abono do pagamento dos dias parado em virtude da greve. 

"Eles queriam arcar com quatro dias de pagamento e nós com mais quatro. Mas não haverá pagamento de nenhum dia parado, a menos que isso seja aceito em voto de assembleia, o que eu acredito ser quase impossível", afirmou Gustavo Miranda.

A opção dada pela classe patronal seria a possibilidade de que o pagamento dos dias parados por parte dos trabalhadores fosse feita ou nas férias ou no momento de uma eventual rescisão contratual. "Nos últimos 10 anos, o ganho real do setor foi de 40%. O piso salarial da categoria descolou 20% do salário mínimo. Pernambuco é o segundo maior piso do Nordeste, atrás apenas da Bahia", argumentou Gustavo Miranda.

Vários canteiros de obra estão parados

Vários canteiros de obra estão paradosFoto: Benira Maia/NE10

MARRETA -
A presidente do Sindicato Dos Trabalhadores Da Construção Civil (Marreta), Dulcilene Morais, rebateu as afirmações e criticou o que chamou de "falta de autonomia" dos representantes da Sinduscon e da Ademi, por sempre recorrer a uma assembleia. Falou ainda que os presidentes "brincam de negociar" num assunto que envolve mais de 120 mil trabalhadores na campanha salarial.

Dulcilene disse que nenhuma proposta foi aceita e sugeriu que fossem feitas oficialmente e divulgadas para imprensa para que, assim, ficasse claro a todos a proposta. Quanto à alteração da data-base, foi dito que pertence à classe dos trabalhadores e que os representantes patronais querem "usar como moeda de troca algo que não é deles".

Em relação ao uso de celular, a presidente falou que era uma tentativa de dificultar que o trabalhador denuncie as más condições e os riscos das obras, pois "quem está preocupado com a segurança do trabalhador não deixa oito pessoas morrerem". A Marreta também convocou uma coletiva para esta sexta-feira (26) .

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