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Dólar chega a R$ 2,742; maior valor em quase 10 anos

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 04/02/2015 às 17:25
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Dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve avanço de 1,78%, para R$ 2,742 / Foto: AFP

Dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve avanço de 1,78%, para R$ 2,742 Foto: AFP

A Bolsa brasileira fechou em alta pelo terceiro pregão seguido nesta quarta-feira (4) com ajuda das ações da Petrobras, que subiram diante da renúncia de Graça Foster à Presidência da estatal. No mercado cambial, o dólar se valorizou em relação ao real após dados de emprego dos Estados Unidos reforçarem a percepção de que o banco central americano poderá aumentar os juros no primeiro semestre deste ano.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com alta de 1,41%, para R$ 2,746, o maior valor desde 15 de março de 2005, quando a moeda fechou cotada a R$ 2,771. No ano, o dólar à vista acumula valorização de 3,70%. Em 12 meses, o avanço é de 13,9%.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve avanço de 1,78%, para R$ 2,742, maior patamar desde 23 de março de 2005, quando encerrou a R$ 2,750. No ano, a moeda sobe 3%, e em 12 meses, 13,5%.

Segundo analistas, a moeda americana reagiu aos dados de emprego no setor privado nos Estados Unidos, divulgados nesta quarta (4). Apesar de em janeiro terem sido criados 213 mil postos de trabalho, abaixo do esperado, o número de criação de vagas em dezembro foi revisado para cima, até 253 mil, ante 241 mil informados anteriormente.

"O dado mostra o bom ritmo de criação de emprego nos Estados Unidos, o que reforça a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) suba a taxa de juros até junho", avalia Maurício Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi.

O aumento dos juros nos EUA tende a provocar uma retirada de recursos de países emergentes, como o Brasil. "Mas o Fed dá maior peso aos dados do relatório payroll, que será divulgado na sexta-feira e que inclui empregos tanto no setor privado quanto no público", complementa.

Para Nakahodo, a desaceleração mostrada pelo setor de serviços da China também contribuiu para aumentar a pressão sobre as moedas emergentes, uma vez que o país asiático é um grande comprador de commodities.

O setor de serviços do país cresceu ao ritmo mais lento em seis meses em janeiro, conforme a expansão de novos negócios enfraqueceu, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do HSBC/Markit.

O Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo 2.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de 13.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18% do lote total.

PETROBRAS - As ações da Petrobras fecharam em alta pelo terceiro dia seguido, após a presidente Graça Foster confirmar a renúncia ao comando da estatal. Os papéis preferenciais da empresa, os mais negociados, subiram 0,20%, para R$ 10,02. Já os papéis ordinários, com direito a voto, tiveram valorização de 1,12%, para R$ 9,90.

Desde sexta-feira, as ações preferenciais da Petrobras acumulam valorização de 22,5%. Os papéis ordinários têm ganho de 23,13%. Com a alta nos últimos dias, os papéis preferenciais da empresa zeraram as perdas no ano. Os ordinários sobem 3,23%.

Em 12 meses, os papéis preferenciais da estatal caem 28,9%. Os ordinários têm queda de 25,4%.

Logo após a confirmação da saída de Graça, os papéis preferenciais da estatal chegaram a subir 7,80% e os ordinários, 8,27%, mas perderam força ao longo do pregão.

Em comunicado divulgado na manhã desta quarta, a empresa informou que o conselho de administração da estatal se reunirá na próxima sexta-feira (6) para eleger nova diretoria.

"As ações tiveram um desconto muito grande no preço após os investidores perderem a confiança nos diretores da empresa. Não que eles agissem de má fé, mas, por melhor que fossem, perderam a credibilidade do mercado", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora.

"Quando a empresa anuncia que vai trocar a administração, sinaliza para o mercado que quer chegar próximo de uma transparência um pouco melhor do que a que teve até agora", completa. Para Cardoso, o escolhido deve ser um bom gestor e alinhado com o mercado. "Ninguém vai assumir sem saber o tamanho do buraco", diz.

BOLSA - O Ibovespa encerrou a quarta-feira com alta de 0,69%, para 49.301 pontos. Das 68 ações negociadas, 27 subiram e 41 caíram. O giro financeiro no pregão foi de R$ 8,04 bilhões, acima da média diária negociada, que é de R$ 6,36 bilhões, até o dia 3.

A maior alta do índice ficou com as ações do Banco do Brasil, com avanço de 6,95%. Os papéis da Estácio vieram na sequência, com ganho de 5,88%.

No sentido contrário, as ações da Vale fecharam em baixa nesta quarta-feira, após três pregões seguidos de alta. Os papéis preferenciais da mineradora caíram 1,27%, para R$ 17,82. As ações ordinárias tiveram baixa de 1,53%, para R$ 20,55.

No exterior, a China decidiu nesta quarta-feira cortar os compulsórios, volume de dinheiro que os bancos devem manter como reservas. É o primeiro corte abrangente para o setor em mais de dois anos e meio, conforme aumenta esforços para fortalecer o crescimento da segunda maior economia do mundo.

A taxa de compulsório será reduzida em 0,5 ponto percentual, disse o Banco do Povo da China em comunicado em seu site. O corte entrará em vigor a partir de 5 de fevereiro e levará a taxa de compulsório para grandes bancos a 19,5%.

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