Assembleia

Em discurso na ONU, Dilma defende combate à homofobia e ao racismo

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 24/09/2014 às 12:53
Leitura:

Dilma defendeu no seu discurso a luta contra o racismo e a homofobia, além de falar sobre a inflação no Brasil / Foto: AFP

Dilma defendeu no seu discurso a luta contra o racismo e a homofobia, além de falar sobre a inflação no Brasil Foto: AFP

Em discurso de abertura da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) assegurou nesta quarta-feira (24) que o seu governo tem empenho em combater a violência contra homossexuais. Dilma também defendeu no seu discurso a luta contra o racismo, além de falar sobre a inflação no Brasil.

"O mesmo empenho que temos em combater a violência contra as mulheres e os afrobrasileiros temos também contra a homofobia. A Suprema Corte do meu País reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assegurando-lhes todos os direitos civis daí decorrentes", afirmou Dilma. "Acreditamos firmemente na dignidade de todo ser humano e na universalidade de seus direitos fundamentais. Estes devem ser protegidos de toda seletividade e de toda politização, tanto no plano interno quanto no internacional", disse.

Ironicamente, a presidência da 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU é do ministro das Relações Exteriores de Uganda, Sam Kutesa. O país publicou uma lei que previa a condenação à prisão perpétua para os homossexuais que persistissem em suas práticas, obrigando as pessoas a denunciarem os gays e declarando ilegal a promoção da homossexualidade. Kutesa foi eleito por unanimidade para o cargo de presidente da 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU, sob protesto de entidades que defendem os direitos de homossexuais.

No início da fala, ao se dirigir ao presidente da 69ª assembleia geral da ONU, Dilma disse que é "grande a satisfação de ver na presidência desta sessão da assembleia geral um filho da África". "Os brasileiros somos ligados por laços históricos, culturais e de amizade ao continente africano, cuja contribuição foi e é decisiva para a constituição da identidade nacional de meu país", afirmou Dilma.

HOMOFOBIA - No início deste mês, a presidente indicou que não vai colocar no papel sua promessa de trabalhar pela criminalização da homofobia caso seja reeleita em outubro. Em meio à polêmica sobre as mudanças no programa de governo da candidata Marina Silva (PSB) sobre os direitos dos homossexuais - com a exclusão do casamento gay e da defesa da criminalização da homofobia -, Dilma chegou a defender a proposta de tornar crime a discriminação. Questionada se colocaria isso no papel, a presidente respondeu: "Meu querido está na minha boca", disse a presidente no último dia 8, após sua participação na série Entrevistas Estadão, no Palácio da Alvorada.

RACISMO - Ao levantar a bandeira contra a discriminação racial na ONU, Dilma afirmou que o racismo, "mais que um crime inafiançável, é uma mancha que não hesitamos em combater, punir e erradicar". "A promoção da igualdade racial é o resgate no Brasil dos séculos de escravidão a que foram submetidos os afrobrasileiros, hoje mais da metade de nossa população. Devemos a eles um inestimável legado permanente de riquezas e valores culturais, religiosos e humanos. Para nós, a miscigenação é um fator de orgulho", disse a presidente. Dilma também falou sobre o combate à violência contra a mulher em todas as suas formas. "Consideramos o século XXI o século das mulheres", afirmou.

INFLAÇÃO - Dilma também disse que a taxa anual de inflação no País tem se situado nos limites da banda de variação mínima e máxima fixada pelo sistema de metas em vigor no País. A dirigente ressaltou ainda que as reservas internacionais foram multiplicadas por dez no governo petista e o Brasil se tornou credor internacional.

A presidente destacou, para uma plenária lotada, que o Brasil retomou investimentos em infraestrutura em parceria com o setor privado e se consolidou como um dos principais destinos dos investimentos externos. "Todos estes ganhos estão ocorrendo em um ambiente de solidez fiscal", declarou. "Não descuidamos da solidez fiscal e da estabilidade monetária e protegemos o Brasil frente à volatilidade externa", afirmou a presidente, citando que a dívida pública líquida do País caiu de 60% para 35% do Produto Interno Bruto (PIB). Já a dívida externa caiu de 42% para 14%, de acordo com números apresentados por ela.

Mais lidas