A mulher e a lei

Se você é uma mulher que ama demais, dê o primeiro passo

Por Gleide Ângelo
Por Gleide Ângelo
Publicado em 22/01/2017 às 7:02
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Se você é uma mulher que ama demais, dê o primeiro passo. / Foto: Heudes Régis/JC Imagem

Se você é uma mulher que ama demais, dê o primeiro passo. Foto: Heudes Régis/JC Imagem

No artigo desta segunda (23), falarei sobre o primeiro passo do MADA. MADA significa Mulheres que Amam Demais Anônimas e é um programa de recuperação que auxilia na libertação de relacionamentos destrutivos. No grupo, esse processo reconstrutivo conta com doze passos. Agora, tratamos do primeiro, que consta na apostila elaborada pelo próprio centro.

1º PASSO: "Admitimos que éramos impotentes perante os relacionamentos e que tínhamos perdido o controle de nossas vidas"

Dar o primeiro passo é fundamental na recuperação da dependência de relacionamentos. É nesta fase que admitimos que nos rendemos diante de nossos casos destrutivos. Admitir-se impotente pode ter um significado diferente para cada uma de nós, mas o importante para que possamos praticar o primeiro passo é encarar a realidade destrutiva na qual nossa vidas se encontravam antes de conhecermos o MADA. É assumir também que hoje temos o desejo profundo de mudar a nós mesmas, um dia de cada vez.

A princípio, muitas de nós negavam a dificuldade em se relacionar, culpando e acusando os parceiros. Dessa forma, não percebíamos que a opção de estarmos naquele relacionamento era somente nossa e que, na verdade, nossa doença nos impelia à busca de um relacionamento inadequado e autodestrutivo. Portanto, dar o primeiro passo significa aceitar que chegamos a um ponto em que não tínhamos mais condições de controlar nossas vidas e que sozinhas não tínhamos forças para modificar nosso desejo doentio de controlar nossos parceiros e outras pessoas.

A dependência de relacionamento é algo que age sobre nós de forma muito sutil. Um comportamento inadequado, adotado em relação ao nosso parceiro e que, de início, fazemos parecer ser uma opção nossa, torna-se rapidamente uma obsessão, especialmente quando nosso parceiro não corresponde às nossas necessidades. Assim, ao invés de abandonarmos o relacionamento por ele não corresponder às nossas expectativas, iniciamos uma luta conosco e com nosso parceiro, na tentativa de fazer com que ele se modifique. Isso faz parte do comportamento obssessivo-compulsivo em que nos encontramos nas diversas 'lutas' para modificá-lo.

Por meio de jogos, tentávamos controlar a situação. Temporariamente, nos afastávamos de nossos parceiros, mudando a tática de jogo na relação. Por vezes, nos fazendo de vítimas. Por outras, sendo perseguidoras para tentar reconquistá-los. Tudo isso porque tínhamos a necessidade de fazer com que eles se importassems conosco. Aos poucos, fomos nos afastando de nossas próprias vidas, de nós mesmas.

Na realidade, nossas escolhas não eram feitas conscientemente, pois não sabíamos realmente o que queríamos de um relacionamento, tampouco quais eram os nossos verdadeiros valores. Muitas de nós viviam como um 'camaleão', adorando os valores de outras pessoas como se fossem os mais importantes, numa tentativa de agradá-los e assim sermos aceitas.

Agora, precisamos aprender a modificar a nós mesmas, ao invés de tentar modificar os outros. Dessa forma, aprenderemos a aceitar a companhia de pessoas que possibilitem uma intimidade verdadeira. O que viemos buscar em MADA foi a força e a esperança para que possamos nos livrar de todos esses medos, de que possamos aprender a gostar de nós mesmas e, assim, tornar possível o apreço pela companhia de pessoas saudáveis.

Em MADA, não existe um grau de sofrimento necessário para que você venha a se render e iniciar o processo de recuperação. Cada uma de nós pode investigar a própria vida, avaliar o sofrimento e a dor sentidos no passado. Hoje, o importante é ter o desejo sincero de romper com esses padrões doentios de se relacionar e iniciar o aprendizado de um novo processo de vida, onde possamos viver bem com nós mesmas e com os outros.

Somente depois de admitir que nossos relacionamentos falharam e que fracassamos nessa etapa de nossas vidas é que estaremos realmente prontas para iniciar a recuperação. MADA oferece esse caminho de recuperação através dos doze passos.

Perguntas do primeiro passo:

1- Quando você reconheceu pela primeira vez que sua forma de se relacionar era autodestrutiva?
2 - De que forma, atualmente, sua dependência de relacionamentos causa descontrole em sua vida?
3 - Quais são os instrumentos que hoje você pode utilizar para praticar a recuperação?

Se você leu o artigo e reconhece que está vivendo um relacionamento destrutivo, faça uma análise de sua vida e responda as perguntas do primeiro passo. O Grupo MADA ajuda as mulheres a se recuperar e a se libertar da dependência de relacionamentos destrutivos. Você pode e deve mudar a sua vida. Com esta ajuda, você terá uma história de superação, sem permitir que seja novamente maltratada e desrespeitada. Busque ajuda e dê o primeiro dos doze passos.

Boa Viagem: Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, na rua Marques de Valença, 350). Lá, as reuniões acontecem aos domingos das 15h às 17h.
Pina: Salão paroquial da Igreja Matriz do Pina, na avenida Herculano Bandeira. As reuniões acontecem às quartas, das 19h às 21h.

Em que órgãos buscar ajuda em casos de violência contra a mulher:

- Centro de Referência Clarice Lispector – (81) 3355.3008 // 3009 // 3010
- Centro de Referência da Mulher Maristela Just - (81) 3468.2485
- Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon - 0800.281.2008
- Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher – (81) 3524.9107
- Central de atendimento Cidadã pernambucana 0800.281.8187
- Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal - 180
- Polícia - 190 (se a violência estiver ocorrendo)

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