Descoberta

Mergulhador descobre primeiro peixe cavernícola da Europa

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 03/04/2017 às 20:52
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Peixe mostra traços de adaptação característicos de uma verdadeira espécie das cavernas, que vive na escuridão / Foto: AFP

Peixe mostra traços de adaptação característicos de uma verdadeira espécie das cavernas, que vive na escuridão Foto: AFP

Um mergulhador amador descobriu o primeiro peixe cavernícola da Europa, dentro de uma formação aquática subterrânea no sul da Alemanha, disseram cientistas. O peixe cavernícola, uma espécie de abrótea (da família Phycidae), foi encontrado na profundidade de uma gruta de difícil acesso, explicaram os pesquisadores, cuja descoberta foi publicada na segunda-feira (3) na revista científica americana Current Biology.

"Esta descoberta é espetacular porque até agora se pensava que a glaciação durante o Pleistoceno (que começou há 2,58 milhões de anos e acabou há 11.700 anos) tinha impedido os peixes na Europa de colonizar hábitats aquáticos subterrâneos no norte", disse Jasminca Behrmann-Godel, da Universidade de Constanza, uma das principais autoras do estudo.

Os estudos genéticos realizados neste peixe combinados com o conhecimento da história geológica dessa região sugerem que estas abróteas cavernícolas apareceram e evoluíram recentemente, durante os últimos 20.000 anos, estimam os pesquisadores.

"Estas cavernas só se tornaram habitáveis para os peixes quando os glaciares retrocederam", disse Arne Nolte, do Instituto Max Planck na Alemanha, coautor do estudo.

Apesar do período de evolução relativamente curto, este peixe mostra traços de adaptação característicos de uma verdadeira espécie das cavernas, que vive na escuridão.

Seus olhos, por exemplo, são muito menores e seus orifícios nasais muito mais largos que os das espécies que vivem perto da superfície.

Peixe visto pela primeira vez em 2015

O mergulhador viu estes peixes pela primeira vez em agosto de 2015, quando explorava os lugares mais profundos do sistema hidrológico do Danúbio.

Ao perceber sua aparência incomum, tirou fotos e as apresentou a um grupo de cientistas. Meses depois, voltou à gruta e capturou cinco exemplares.

Baseando-se em comparações morfológicas e genéticas com uma espécie similar de abrótea que vive perto da superfície, os pesquisadores determinaram que seus primos das cavernas eram uma população isolada formada pela primeira espécie conhecida de peixes cavernícolas na Europa.

Antes disso, os peixes e outras criaturas que vivem nas águas subterrâneas tinham sido encontrados nas cavernas mexicanas de Pachón. Estes peixes são quase albinos e cegos.

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