Fenômeno

Furacão Matthew deixa quatro mortos na República Dominicana

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 04/10/2016 às 19:44
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O ciclone também levou à evacuação de 794 pessoas, que permanecem em abrigos oficiais / Foto: AFP

O ciclone também levou à evacuação de 794 pessoas, que permanecem em abrigos oficiais Foto: AFP

O olho do potente furacão Matthew tocou terra no leste de Cuba nesta terça-feira (4), após atingir a República Dominicana e o Haiti, países onde deixou ao menos sete mortos e milhares de evacuados, enquanto os Estados Unidos tomam medidas de prevenção.

"A parte norte do olho do furacão Matthew, que é extremamente perigoso, tocou a parte mais ao leste de Cuba", indicou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, em seu último boletim, publicado às 18h (horário de Brasília).

Matthew deixou quatro mortos, quase 200 imóveis danificadas e 794 evacuados na República Dominicana, informou o Centro de Operações de Emergências (COE), nesta terça-feira (4).

Com a mesma força devastadora, o fenômeno atingiu ainda o Haiti, onde o número de mortos chegou a três, e 9.280 pessoas foram retiradas de suas casas, informou o porta-voz do Ministério do Interior haitiano, Guillaume Albert Moléon.

Um homem que estava sozinho, e que não pôde abandonar o lar, morreu ao ter sua casa destruída pelas ondas em Port-Salut, uma comunidade no sul do país.

Uma mulher doente morreu na noite de segunda-feira, também em Port-Salut, por não conseguir sair de casa para receber ajuda médica. Na sexta, um homem faleceu no naufrágio de sua embarcação. Ele estava acompanhado de outros dois pescadores, que conseguiram chegar até à costa, no litoral sul.

A região sul do país, a mais afetada, ficou isolada nesta terça-feira após o desabamento de uma ponte na única rota que conecta a região com a capital, Porto Príncipe.

"A Route Nationale 2 está bloqueada na altura de Petit-Goave depois do desabamento da ponte La Digue", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil, Edgar Celestin, acrescentando que "uma reunião de emergência está sendo realizada para restaurar o acesso, mas vai ser difícil encontrar uma rota alternativa".

"Por enquanto, é impossível fazer um balanço e conhecer a extensão da destruição causada pela passagem do ciclone", disse Celestin.

"É a pior tempestade que o Haiti sofre em décadas, e todos os danos serão, sem dúvida, significativos", declarou o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Haiti, Marc Vincent.

"Mais de quatro milhões de crianças podem estar expostas aos estragos do furacão", advertiu a organização em um comunicado.

O furacão atingiu a cidade de Anglais por volta das 7h locais (8h, horário de Brasília) com ventos máximos de 230 km/h, o que o coloca na categoria 4, de um total de 5 na escala Saffir-Simpson, informou o NHC, com sede em Miami.

Às 15h de Brasília, "o olho do furacão se situava em Pasaje Barlovento (o estreito entre Haiti e Cuba). Matthew está se movendo para o norte a cerca de 17 km/h", disse o NHC.

Estados Unidos e Cuba se preparam

"Nessa trajetória, o olho de Matthew se moverá sobre o extremo-leste de Cuba durante o transcurso da tarde. Espera-se um giro em direção ao norte-noroeste na quarta-feira", acrescentou, indicando que o furacão também deve atingir as Bahamas na quarta-feira.

A província de Guantánamo, a mais ao leste de Cuba, também se prepara para o esperado impacto de Matthew. Com 28 mil habitantes, o município de Maisí poderia ser um dos mais afetados pelo furacão. A chuva começou a cair pela manhã, e havia cerca de 3 mil pessoas em abrigos, segundo a televisão estatal.

As autoridades cubanas alertaram sobre o aumento progressivo de marejadas e de inundações a partir da tarde. Espera-se ventos com força de furacão e um "aumento gradual das chuvas, que serão intensas com acumulados entre 200 e 300 milímetros", apontou o relatório mais recente do Centro de Meteorologia cubana.

O furacão pode alcançar inclusive o sudeste dos Estados Unidos, onde os governos da Flórida e da Carolina do Norte decretaram estado de emergência. Já a Carolina do Sul ordenou a evacuação do litoral a partir de quarta-feira.

"Nosso objetivo é que a população se situe a pelo menos 150 km da costa", declarou a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley.

Diante da possibilidade da chegada de Matthew, o presidente Barack Obama decidiu adiar um ato previsto para quarta-feira, em Miami, com a candidata democrata Hillary Clinton.

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