
Peixe cirurgião-patela é natural da região indo-pacífico, entre a Austrália e a Indonésia Foto: reprodução/Youtube
Com a estreia do filme “Procurando Dory” nos cinemas esta semana, ativistas e representantes da causa ambiental acendem o alerta sobre a captura indiscriminada do peixinho azul retratado na animação. De acordo com a ONG australiana Saving Nemo (Salvando Nemo), cerca de 400 mil peixes da espécie cirurgião-patela, vivida pela personagem Dory, são retirados anualmente de seu ambiente natural para serem criados como animais de estimação em aquários.

Nas redes sociais, é possível encontrar posts pedindo para que as pessoas não comprem o peixeFoto: reprodução/Facebook
Na web, além da Saving Nemo, internautas e outras instituições compartilham vídeos e posts para conscientizar as pessoas a não comprarem os peixes. “A grande questão é que pode acontecer o mesmo que aconteceu com o primeiro filme, das pessoas se interessarem em ter o peixe e isso colocar a espécie em risco”, afirma Cristian Faria, da Clímax Brasil, coletivo que trata das questões climáticas.
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Segundo a bióloga Sofia Aranha, do conselho da Sea Shepherd Brasil – Guardiões do Mar, o animal, ao contrário do peixe-palhaço, não consegue se reproduzir em cativeiro. “As pessoas têm que tirá-lo diretamente do ambiente marítimo. Se não houver um manejo adequado e ele for despejado em estuários, novamente no mar, pode se tornar uma espécie invasora, ou seja, se adaptar em um ambiente em que ele não pertence e prejudicar outras espécies”, afirma.
Ela cita um caso recente que aconteceu com o peixe-leão. O animal, que também é natural da região entre o Pacífico e o Índico, tornou-se bastante popular nos Estados Unidos e acabou se espalhando pelo Oceano Atlântico, atingindo a costa norte-americana, caribenha, mexicana e a América do Sul. “É um peixe carnívoro e extremamente agressivo. Acabou se tornando uma praga, chegando até ao Brasil, pois conseguiu se adaptar muito bem ao ambiente, mas colocou em risco as espécies nativas”, afirma a bióloga.
DORY NO NORDESTE? O professor Paulo Oliveira, do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco, explica que a costa brasileira não possui o cirurgião-paleta, mas outros peixes que são “primos” da Dory podem ser vistos com facilidade. “Aqui temos três espécies da mesma família 'achnthuridae', que são bastante encontradas nos recifes de corais, como em Porto de Galinhas”, afirma.
O professor ressalta que esses peixes exóticos podem ser comprados em lojas especializadas que tenham registro e licença para funcionar. “Existe uma legislação específica para a captura de peixes para o objeto da aquariofilia. Essas três espécies de peixes cirurgiões são considerados recursos pesqueiros, ou seja, o pescador pode capturar e até comê-los”, diz.
Um problema que precisa ser evitado através da conscientização das pessoas é quanto à captura dos peixes ainda jovens, quando a cor e o tamanho deles ainda não estão definidos, o que pode contribuir para a devolução ao mar. “Quando são jovens, têm uma coloração diferente dos adultos. São mais bonitinhos e muita gente acaba comprando por isso. Os órgãos ambientais precisam abrir os olhos quanto a isso, porque as crianças adoram esses peixes mostrados nos filmes”, alerta o professor.
PEIXE DE BRINQUEDO – Uma alternativa para agradar os fãs do filme que desejam ter um peixinho como Dory ou Nemo são artigos que imitam os peixinhos. Na internet e em lojas de brinquedo, é possível encontrar pelúcias, brinquedos e produtos da animação. Há até um “peixe robô” da Dory, que nada embaixo d'água. É encontrado a partir de R$ 50.