Sensibilização

No Dia do Rio, grupo recolhe centenas de quilos de lixo do Capibaribe

Gustavo Belarmino
Gustavo Belarmino
Publicado em 24/11/2014 às 15:22
Leitura:

Alunos e ex-alunos da UPE recolhem centenas de quilos de lixo do Capibaribe anualmente / Foto: Ana Maria Miranda/NE10

Alunos e ex-alunos da UPE recolhem centenas de quilos de lixo do Capibaribe anualmente Foto: Ana Maria Miranda/NE10

Conhecida como a "Veneza Brasileira", a cidade do Recife é banhada pelos rios Capibaribe, Beberibe, Jiquiá, Tejipió, Jordão e Pina. No Dia do Rio, comemorado nesta segunda-feira (24), chamou a atenção uma ação realizada no trecho do Capibaribe que passa por baixo da Ponte Duarte Coelho, no Centro do Recife. Um grupo de 10 pessoas, entre alunos e ex-alunos do curso de ciências biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE) recolheu com as próprias mãos, durante 1h30, o lixo encontrado na margem do rio. Sandálias, mouse de computador, brinquedos, latinhas de refrigerante e garrafas estão entre os principais objetos encontrados.

Bióloga Camila Brito acredita no poder de mudança da população

Bióloga Camila Brito acredita no poder de mudança da populaçãoFoto: Ana Maria Miranda/NE10

Este é o 8º ano consecutivo da ação do Projeto de Sensibilização Ambiental (Prosa), que tem por objetivo conscientizar os transeuntes sobre o impacto que o lixo pode causar ao meio ambiente. "A ideia é mostrar os tipos de materiais que estão sendo jogados, mostrando o impacto visual da sujeira. A gente é uma cidade que tem o rio entrecortando toda ela e estamos de costas para o rio", explica a coordenadora do projeto, professora Simone Teixeira. 

Segundo ela, o mínimo já recolhido nestes oito anos de campanha, com a mesma metodologia, foi 500 quilos, e o máximo 1.138 quilos. "A média é 600, 750 quilos", conta. Cerca de 150 a 200 pessoas são alcançadas pelo alerta todos os anos, que normalmente é feito no Dia do Rio ou no Dia Mundial de Limpeza dos Rios e Mares, lembrado em setembro.

A bióloga Camila Brito, 26, foi uma das que entrou no rio para recolher a sujeira. "Este é um trabalho que você precisa amar fazer. É preciso resistência também, porque é um trabalho global. Nosso objetivo aqui é tocar as pessoas de alguma forma, para que elas também queiram fazer a diferença". 

Comerciário Alexandre Simões concorda que o rio poderia ser utilizado melhor sem lixo

Comerciário Alexandre Simões concorda que o rio poderia ser utilizado melhor sem lixoFoto: Ana Maria Miranda/NE10

Segundo Camila, um dos malefícios da sujeira é a presença de metais pesados em alguns dos objetos, como equipamentos de computador, que prejudicam a fauna do local: "O mangue retém esses materiais para que eles não cheguem na água do rio. Os animais que vivem aqui, como a capivara - que dá nome ao rio mas ninguém vê mais - se alimentam do lixo, ou se prendem em sacolas plásticas e acabam morrendo".

De acordo com a professora Simone, estes componentes podem acabar voltando de forma perigosa para os seres humanos: "Aqui tempos as comunidades ribeirinhas e pesqueiras, que acabam consumindo ou pegando para vender alimentos de qualidade duvidosa, como sururu, ostra, que volta para você".

Foi difícil para o comerciário Alexandre Simões, 35 anos, passar sem reparar uma pequena fração do que é despejado diariamente do rio. "Quem é que quer ver sujeira? Esta é uma boa iniciativa para mostrar que cada um pode fazer a sua parte", pontuou. Segundo Simões, uma limpeza do Capibaribe poderia trazer muias vantagens para o turismo, por exemplo, e se poderia navegar no rio: "Eu não me lembro, talvez já tenha até jogado alguma coisa. Agora é que estou me conscientizando".

"É um trabalho de formiguinha. A gente aborda as pessoas e explica a elas o que é nosso projeto, algumas chegam e se interessam para conversar também", explica a bióloga Vanessa Rodrigues, 30, que estava na fundação do Prosa. Ainda de acordo com Vanessa, o projeto também realiza palestras de conscientização em comunidades do Recife. "Temos alguns bairros fixos, já passamos por Brasília Teimosa, Santo Amaro... A gente também vai para onde chamar".

O estudante de engenharia Daniel Mariense, 22, também passou pelo local e concordou que é preciso mudar a forma de agir em relação ao meio ambiente: "É a gente mesmo que está fazendo isso aqui. Infelizmente as coisas só funcionam quando chocam".

Ana Maria Miranda/NE10
Lixo retirado do Capibaribe foi colocado na Ponte Duarte Coelho para chamar a atenção dos transeuntes - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Sandálias, garrafas e objetos de plástico foram encontrados durante 1h30 de coleta - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Placas foram colocadas ao longo da ponte para chamar a atenção - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Prosa tem como objetivo sensibilizar as pessoas - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Capibaribe é um dos rios que cortam o Recife - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Um boneco do personagem Cascão, da Turma da Mônica, famoso por não gostar de tomar banho, foi encontrado - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Diversas sacolas de lixo também foram postas na calçada - Ana Maria Miranda/NE10
Ana Maria Miranda/NE10
Alunos e ex-alunos da UPE fizeram anotações registrando o que encontraram - Ana Maria Miranda/NE10

Mais lidas