Crânio

Estudo contesta crença de que fóssil ancestral seria marco da evolução cerebral

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 26/08/2014 às 7:47
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Descobertas foram a mais recente contribuição ao debate de se o fóssil da Criança de Taung pode ter apresentado os sinais mais remotos de um crânio que seria o primeiro e melhor exemplo da evolução cerebral do hominídeo primitivo / Foto: Arquivo/AFP

Descobertas foram a mais recente contribuição ao debate de se o fóssil da Criança de Taung pode ter apresentado os sinais mais remotos de um crânio que seria o primeiro e melhor exemplo da evolução cerebral do hominídeo primitivo Foto: Arquivo/AFP

Um crânio infantil com três milhões de anos, descoberto na África do Sul, não apresenta sinais de partes moles do tipo que seriam encontradas em crianças humanas com cérebros maiores, revelou um estudo publicado nessa segunda-feira (25).

As descobertas foram a mais recente contribuição ao debate de se o fóssil da Criança de Taung pode ter apresentado os sinais mais remotos de um crânio que seria o primeiro e melhor exemplo da evolução cerebral do hominídeo primitivo.

Os bebês de hoje nascem com uma série de placas no crânio que se juntam frouxamente, formando partes moles que acabam se unindo.

Os cientistas acreditam que nós desenvolvemos este traço para acomodar nosso cérebro, que desde a era dos neandertais é maior do que os cérebros dos ancestrais humanos mais primitivos.

A Criança de Taung foi descoberta 90 anos atrás na África do Sul e alguns cientistas acreditavam que o crânio apresentava os primeiros sinais desta adaptação craniana em um hominídeo chamado "Australopithecus africanus", que viveu entre 2,1 e 3,3 milhões de anos atrás.

Neste estudo mais recente, cientistas da Universidade de Witwatersrand, da Universidade de Columbia e da Universidade Atlantic da Flórida usaram tomografia de computador de alta resolução para observar cada camada do crânio.

"Segundo os autores, os resultados, assim como as comparações com o registro fóssil do hominídeo e da variação do chimpanzé não sustentam a hipótese de que as características evoluíram no 'A. africanus' ou em hominídeos Homo primitivos", concluiu o estudo no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Varreduras avançadas revelaram mais detalhes sobre as extremidades do que alguns cientistas acreditaram ser placas cranianas.

"As margens não são tão aguçadas quanto esperávamos" caso houvesse uma parte mole ou moleira, afirmou.

Além disso, uma vez que a idade estimada da criança era de três a quatro anos, uma moleira aberta "seria extremamente rara" e o fóssil estaria "muito além da idade" com que costuma se fechar, entre os três e os nove meses de idade nos bebês atuais.

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