A meta da expedição é capturar e realizar a marcação em pelo menos 20 tubarões-tigre no Nordeste brasileiro Foto: Luiz Pessoa/NE10
"As localidades escolhidas para marcação dos tubarões são estratégicas. Já sabemos que os tubarões-tigre que se aproximam da costa pernambucana utilizam as correntes Sul-Norte, vindos de Alagoas e seguindo para o Rio Grande do Norte. Porém não temos informações sobre sua origem, ciclo de vida e destino. Conhecendo melhor a migração dos animais, podemos promover medidas de prevenção de ataques mais eficientes e menos impactantes do ponto de vista ecológico", explica o professor do curso de engenharia da pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Fabio Hazin. Ele coordena o grupo formado por 12 cientistas da UFRPE, UFPE, das universidades do Pará, Bahia e do estado da Flórida, nos Estados Unidos.
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Além dos 12 cientistas, o navio-laboratório da Ocearch conta ainda com 40 tripulantes, comandados pelo líder da expedição Chris Fischer. "É uma honra colaborar com os brasileiros através de dados tão importantes para o meio ambiente e também para a segurança pública", diz Fischer. Esta será a 20ª expedição da Ocearch, que teve início em 2007 e que já etiquetou mais de cem tubarões em várias partes do mundo, incluindo a África do Sul, Ilhas Galápagos e a Costa Leste dos Estados Unidos.
Pesquisador do Ocearch faz marcação em tubarão branco durante expedição. Foto: Divulgação
Para a expedição que tem início nesta quarta, a meta do grupo é marcar pelo menos vinte animais. "Esse número pode ser maior", afirma Fischer, acrescentando que os tubarões são capturados individualmente, com um anzol especial arredondado, que não machuca. "Não utilizamos tranquilizantes e nem redes; apenas um pano preto para cobrir os olhos do animal. Tudo é muito rápido, dura em média 15 minutos".
O pesquisador Fábio Hazin coordena a equipe de cientistasFoto: Luiz Pessoa/NE10
SINUELO - O pesquisador Fabio Hazin explica que o trabalho realizado na costa pernambucana pelo barco de pesquisa Sinuelo, da UFRPE, não será interrompido devido à expedição da Ocearch. "São áreas de atuação diferentes. O navio da Ocearch estará no alto-mar; já o Sinuelo continua fazendo o monitoramento próximo à costa pernambucana", diz. Para capturar os animais, os pesquisadores pernambucanos utilizam o espinhel ou drumline, uma linha com vários anzóis. Após receber o sinal que o animal mordeu a isca, o barco vai até o local para analisar o animal e fazer as marcações. O procedimento dura algumas horas e cerca de 25% dos animais não resistem aos ferimentos.
ATAQUES - Desde 1992 já foram registrados 59 ataques de tubarão em Pernambuco, com 24 mortes. O último ataque de tubarão ocorreu há exatamente um ano, na Praia de Boa Viagem, e causou a morte da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, 18 anos - um protesto foi realizado nesta terça na praia para marcar um ano do ataque.