Período da Quaresma deve ser voltado para a conversão espiritual e auto-reflexão Foto: Pixabay
Após o Carnaval, a partir da Quarta-Feira de Cinzas, começa a Quaresma, que se estende até o Domingo de Ramos, uma semana antes do domingo de Páscoa. Na liturgia, esse período corresponde a quarenta dias e é utilizado como preparação para a Páscoa de Jesus, que é o núcleo fundamental da fé cristã. Esses dias são marcados por “penitências”, como o jejum e a abstinência de algo que gostamos. Para a igreja, a cor que simboliza este tempo é a roxa, que remete ao luto e à abnegação. Muitos jovens católicos estão aderindo à tradição, abrindo mão de algum alimento neste período.
Segundo o padre Josenildo, coordenador da paróquia da Arquidiocese de Olinda e Recife, a Igreja Católica estipula três práticas quaresmais: a esmola, a oração e o jejum. “A esmola nos lembra da nossa ligação fraterna com as pessoas; a oração da nossa ligação com Deus e o jejum é um exercício individual que te purifica e te dá uma vida orientada a Deus”, explica.
O alimento mais comum no jejum é a carne vermelha, que pelo aconselhamento da igreja deve ser evitada, sovretudo, na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, tendo em mente o sacrifício de Jesus. No entanto, o jejum também pode ser estendido a outros alimentos.
“Eu procuro sempre me abster de algo que eu consuma muito. Ano passado, por exemplo, decidi tirar o refrigerante que eu tomava todos os dias, até no café da manhã. Esse ano vou procurar cada semana tirar algo diferente, começando por doces e depois com lanches salgados. Também só irei fazer duas refeições principais, o almoço e o jantar”, afirma o estudante Douglas Rafael.
A abstinência do período quaresmal tem como principal objetivo a conversão espiritual e a auto-reflexão. “Na Quaresma tem que haver algo que nos modifique, que nos transforme. O que vai mudar na sua vida se você deixar de tomar refrigerante? Se você não for viciado, nada”, pondera o administrador de redes Manoel Maciel. “Nesse Carnaval, Jesus me falou para parar de olhar para o pecado dos outros e olhar mais para os meus próprios. E nesse período é o que eu pretendo fazer, me policiar para não criticar o próximo e aprender a ajudar as pessoas sem julgamentos”, complementa.
Os quarenta dias de duração da Quaresma trazem consigo uma simbologia bíblica e representam o mesmo número de dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua missão. “No início da Igreja Católica, se fazia apenas três dias de preparação para a Páscoa. Depois do segundo século, a igreja percebeu a importância dessa data e estipulou o tempo da Quaresma”, explica o padre Josenildo. O período quaresmal ainda faz referência aos quarenta dias do dilúvio, aos quarenta anos do povo judeu no deserto e aos quarenta dias de Moisés vagando no deserto.
40 dias de penitência
Para a estudante Marília Gabriela, o período quaresmal é de contemplação e adoração. “Durante todo o ano a gente sempre segue as recomendações da igreja, mas na Quaresma é tudo mais intensificado, há uma conscientização maior. Nós passamos por 40 dias de penitência e de mortificação de nossos desejos, mas também continuamos indo à Santa Missa, confessando e realizando adorações ao Santíssimo. Este ano irei me abster de tomar café, mas a Quaresma não é apenas o jejum gastronômico”, explica.
“O sentimento que tenho durante a Quaresma é meio indescritível. É tudo por amor a Cristo. Não é um período de sofrimento, de tristeza. Quando fazemos as coisas por amor a Deus não tem sofrimento. O maior sacrifício Jesus já fez que foi morrer por nós, então nesse período é só de amor e alegria”, afirma Marília.
