Samarco

Tragédia de Mariana completa um ano em meio a reclamações

Thiago Vieira
Thiago Vieira
Publicado em 05/11/2016 às 14:05
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Tragédia devastou cidades e culpados ainda não foram punidos / Foto: Agência Brasil

Tragédia devastou cidades e culpados ainda não foram punidos Foto: Agência Brasil

Um ano depois da maior catástrofe ambiental do Brasil, familiares das 19 vítimas do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, que devastou várias localidades no sudeste do país, ainda pedem por justiça.

Em 5 de novembro de 2015, a barragem da mineradora brasileira Samarco - co-propriedade da brasileira Vale e da anglo-australiana BHP-Billiton - se rompeu de maneira abrupta e liberou 32 milhões de metros cúbicos de lama, que arrasaram a cidade de Bento Rodrigues e continuaram com seu redemoinho de destruição até chegar ao Oceano Atlântico.

O tsunami de lama se arrastou por 640 km ao longo do Rio Doce, matando trabalhadores e habitantes da cidade de Bento Rodrigues. Outras milhares de pessoas perderam suas casas e seus empregos.

Os habitantes de Mariana, cidade histórica próxima ao local da tragédia, se preparavam neste sábado para recordar a data com diversas cerimônias e uma missa em memória das vítimas.

A Samarco enfrenta agora multimilionárias denúncias e acusações de homicídio qualificado e insiste que está fazendo todo o possível para superar o que considera um trágico acidente.

Mas para as famílias das vítimas, não é suficiente.

'Medidas insuficientes' 

A anglo-australiana BHP, a maior mineradora do mundo, e a brasileira Vale, maior produtora do minério de ferro, asseguram que, junto à Samarco, estão comprometidas em reparar as comunidades afetadas, a infraestrutura mineradora e o meio ambiente.

O maior compromisso da Samarco é construir dois novos povoados para os habitantes de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, outra comunidade rural enterrada pela avalanche de lama que, no entanto, não provocou mortos ali. Só em Bento Rodrigues, 236 famílias foram forçadas a sair do local, segundo a empresa. Outras 108 foram deslocadas de Paracatu.

Até agora, nenhum tijolo foi instalado; seus futuros habitantes continuam alojados em casas alugadas pela Samarco em Mariana.

Álvaro Pereira, da Fundação Renova, criada pela Samarco para coordenar ajudas e indenizações, disse que 8.000 famílias ribeirinhas do Rio Doce estão recebendo fundos de emergência.

Pereira atribui a demora na reconstrução à lentidão das consultas com os moradores e as autoridades, e assegura que estará completa no início de 2019.

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou acusações por homicídio contra 21 pessoas no mês passado, incluindo executivos de Samarco, Vale e BHP, e assegurou que "a segurança tinha uma importância secundária" em relação aos lucros.

Especialistas da ONU pediram ao Brasil e às empresas para acelerarem a resposta às exigências sociais, ecológicas e econômicas dos milhares de afetados.

"As medidas que esses atores vêm desenvolvendo são simplesmente insuficientes para lidar com as massivas dimensões dos custos humanos e ambientais decorrentes desse colapso", alertaram na sexta-feira os especialistas em um comunicado do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

"Um ano depois, muitos dos seis milhões de afetados continuam sofrendo", acrescentam os especialistas.

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