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"Foi quando minha respiração ficou mais rara e minha mão mais pesada que ela arrepiou pela primeira vez. Não um arrepio bom. Daqueles que abrem o caminho. Um arrepio incontrolável. [...]Acompanhado duma imediata contorção de cada músculo do corpo e a recusa absoluta do meu toque", explica o autor do texto. Então, ele perguntei se tinha alguma coisa que ela quisesse contar "e sem nenhum rodeio. Sem preliminares ou frases de efeito que ajudam o interlocutor a se preparar pra algo que ele não está esperando, ela disse: 'Eu fui estuprada'”.
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Conforme o autor, a ideia de escrever sobre este ocorrido veio após a divulgação da pesquisa da Datafolha que mostrou que uma em cada três pessoas culpa a mulher pelo seu próprio estupro. "O que a pesquisa não revelou é que três em cada três de nós carrega a cultura do estupro fundida na pele, no jeito de ser, no jeito de pensar. Todos nós reproduzimos o estupro e consumimos o estupro", defende.
Para o autor, as capas de revista, os ângulos utilizados nos programas de auditório e a pornografia difundem essa cultura do estupro. "Estou contando essa história porque a gente precisa lembrar que não basta não estuprar [...] pra acabar com os estupros precisamos questionar profundamente nossos modelos de relação. Evoluímos muito, mas a mulher ainda é um pedaço de carne girando no forno de calçada da padaria. E o homem ainda é o cachorro faminto que baba enquanto observa", completa.
RESPOSTA DE UMA VÍTIMA
Uma resposta ao texto "Como foi transar com uma vítima de estupro" também está circulando nas redes. A autora, que diz ter sofrido um estupro, considera o relato injusto e insensível. "Essa resposta não se direciona apenas ao homem que escreveu o infeliz texto. Ela se direciona a todo mundo que achou maravilhosa a sensibilidade do sujeito: nós precisamos conversar", escreve.
Para a autora, a descrição do momento em que o jovem continua a avançar mesmo a moça não parecendo bem com os toques se parece com um estupro. "Que nosso sofrimento não seja instrumentalizado por ninguém. E que nunca mais sejamos musas", finaliza.