Queda

Literatura brasileira está saturada no exterior, avalia agente literária alemã

Lorena Barros
Lorena Barros
Publicado em 18/10/2015 às 20:15
Leitura:

O destaque do país na destaque na Feira de Livros de Frankfurt em 2013 e no Salão de Paris deste ano, teria trazido a expectativa de que o interesse pela literatura do país permanecesse grande / Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O destaque do país na destaque na Feira de Livros de Frankfurt em 2013 e no Salão de Paris deste ano, teria trazido a expectativa de que o interesse pela literatura do país permanecesse grande Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Para a agente literária alemã Nicole Witt, que intermedia a venda de autores brasileiros no exterior, a literatura latino-americana "não está muito na moda" no momento.

Segundo ela, pelo fato de o Brasil ter sido destaque na Feira de Livros de Frankfurt em 2013 e no Salão de Paris deste ano, criou-se a expectativa de que o interesse pela literatura do país permanecesse grande. Mas não foi o que aconteceu.

"Houve uma saturação da literatura brasileira no exterior", disse Witt, durante a Feira de Livros de Frankfurt, encerrada neste domingo (18), após receber 275 mil visitantes. O Brasil participou do evento com 36 editoras, cinco a menos do que em 2014.

Em contrapartida, acrescentou a alemã, autores espanhóis e africanos de língua portuguesa despertaram muito interesse em Frankfurt. Ela citou Manuel Rivas (Espanha) e Mia Couto (Moçambique) como exemplos.

A agente acredita que as Olimpíadas no próximo ano poderão fazer com que o Brasil volte a se tornar mais visível. Livros que tenham o Rio de Janeiro como pano de fundo, afirmou, ajudariam a despertar o interesse. É o caso do romance "Descobri que Estava Morto", do autor carioca João Paulo Cuenca, que segundo a agente chamou a atenção de vários editores estrangeiros.

Na opinião de Witt, para o Brasil voltar a se destacar, é importante que o governo brasileiro não corte o fomento às traduções. "Também os editores estrangeiros, inclusive os alemães, precisam de ajuda."

Witt é proprietária da Agência Literária Mertin, que há 30 anos divulga as literaturas de língua portuguesa e espanhola em vários países. Ela recebeu, em abril passado, o Prêmio de Agente Internacional do Ano, concedido pela Feira de Livros de Londres e a Associação de Editores da Grã-Bretanha.

Ontem, último dia da Feira em Frankfurt, o evento abriu suas portas para centenas de refugiados que buscam asilo na Alemanha. Divididos em grupos, eles visitaram, no pavilhão alemão, editoras de livros para o ensino de línguas estrangeiras (na Klett Verlag, ganharam de presente dicionários ilustrados) e o estande da Litcam, uma entidade que busca incentivar a educação de crianças e jovens na Alemanha, sobretudo filhos de imigrantes.

A reportagem acompanhou pela manhã o tour do primeiro grupo, com oito refugiados vindos da Eritreia, Argélia e Afeganistão.

Depois de visitar o pavilhão internacional, o argelino Mohsaaed, 24, estudante de Biologia em seu país, quis conhecer as editoras de livros científicos. Se conseguir asilo, afirmou, ele pretende continuar seu mestrado aqui.

Mohsaaed não quis responder sobre por que viera para a Alemanha. "Não quero falar sobre o passado. Tive problemas lá."

Na última cerimônia oficial da Feira de Livros de Frankfurt, à tarde, representantes da Indonésia -o país convidado este ano- saudaram os homenageados da próxima edição do evento, em 2016: a região de Flandres e os Países Baixos.

Mais lidas