Estudo

Nem todo assassino é psicopata, diz psiquiatra

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 12/12/2014 às 20:45
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Toda vez que surge um assassino em série ou o réu confesso de um crime brutal, o diagnóstico é quase imediato: fulano é psicopata.

No caso de Sailson das Graças, o roteiro deve se repetir. "Vai pipocar gente falando que ele é psicopata", aposta o psiquiatra Daniel Barros, coordenador do Núcleo de Psiquiatria Forense do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Na teoria, psicopata é aquele cujo comportamento não tem freios, mesmo que provoque o sofrimento (ou mesmo a morte) de alguém.

Só que, assim como nem todo psicopata é criminoso, nem todo criminoso é psicopata. "É superficial e até leviano fazer 'telediagnóstico' ou tirar conclusões só com base em um tipo de ação."

Para Barros, se os crimes confessados por Sailson forem reais, é possível concluir apenas que ele tem um comportamento homicida.

E, se ele tomou mesmo as precauções que relatou, demonstrou não ser psicótico, isto é, não estar delirando quando cometeu os crimes.

Mas o psiquiatra alerta que casos como o de Sailson são delicados demais para que se tirem conclusões rápidas.

Esse tipo de confissão, diz, costuma fascinar as pessoas, que abrem mão do julgamento crítico.

O especialista cita o caso do maior serial killer da Suécia, réu confesso de 30 assassinatos, cujos relatos se revelaram uma farsa, relatada no livro "O Caso Thomas Quick - A Invenção de um Assassino em Série", de Hannes Rastam (Ed. Record).

Em segundo lugar, há o impulso de enquadrar comportamentos criminosos em um diagnóstico médico.

"Há uma dificuldade da sociedade em lidar com a ideia de maldade, que é algo que existe", avalia. "As pessoas têm aflição disso e ficam buscando explicações e origens para a maldade de alguém."

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