Maria Betânia prefere trabalhar na virada do ano Foto: Wladmir Paulino/ NE10
"Ah, meu Deus do Céu, pense numa bagunça! Muitos vomitam, é bebida derramada no quarto..." Já teve gente que, de tão embriagada, não acertou o vaso sanitário e pôs os bofes para fora na banheira de hidromassagem mesmo. E nem dá para reclamar porque é contra as regras do negócio. Alguns estabelecimentos cobram uma taxa de limpeza quando percebem que a situação está muito feia. "Quando está muito sujo, tem que ser uma faxina completa e com duas camareiras", conta.
Se o 'prejuízo' higiênico fosse só isso, ainda há o rombo financeiro que muitos conseguem impor. Como? Deixa para Betânia contar: "Às vezes, vêm carros lotados, com dois, três casais. Se a gente não se ligar, entra todo mundo junto numa suíte e não pode". Também existe a turma que insiste em fazer da garagem uma pista de dança. "Já vi gente ligar o som muito alto na garagem e os outros hóspedes ligam para reclamar".
O roteiro funciona da seguinte forma: as pessoas passam a virada em casa, se abraçam, felicitam parentes, amigos e depois correm para o motel. "A partir de uma hora de manh,ã começam a chegar. Depois disso, lota".
Porém, diante de todo esse cenário, será que vale a pena trabalhar numa data em que as pessoas estão tão juntas? Para a supervisora, sim. Como ela e a família não são muito afeitas a festas, não há qualquer problema. Some-se a isso o fato de o marido também haver trabalhado no mesmo segmento e temos uma compreensão ainda maior. Aliás, os dois se conheceram no ambiente de trabalho.
"É melhor romper o ano no hotel e estar no dia 1º em casa. Porque a bagunça toda vem no dia 1. Já trabalhei em motel que tinha gente que pagava para outro trabalhar no Ano Novo, mas, para mim, nunca teve problema". E quem labuta também tem direito à festa. Num estabelecimento em que ela trabalhou, o patrão liberava até o champanhe. "A gente fazia a ceia de Ano Novo como todo mundo. Não deixa de ser uma família também; afinal, a gente fica mais tempo no trabalho do que em casa".