Praia popular

Eu vi Boa Viagem e ela começava no Pina

Ingrid Cordeiro
Ingrid Cordeiro
Publicado em 23/12/2015 às 17:15
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Uma das observações é a quantidade de lixo no local, mesmo com os garis fazendo um trabalho diário de recolhimento / Foto: Ingrid Cordeiro/NE10

Uma das observações é a quantidade de lixo no local, mesmo com os garis fazendo um trabalho diário de recolhimento Foto: Ingrid Cordeiro/NE10

Morar em uma cidade litorânea é privilégio de poucos no Brasil, apesar da grande faixa do País. Na Zona Sul do Recife, esse sentimento se reflete na praia do Pina, conhecido como reduto popular de Boa Viagem, pois muitos de seus frequentadores também são moradores do bairro ou dos arredores. Uma praia família que vende camarão, peixe e amedoim a preços acessíveis e onde o brega faz parte do clima praieiro. 

Para fazer esta reportagem, fiquei com o trecho que compreende a praia do Pina até o 2º Jardim de Boa Viagem e pude constatar uma grande diferença no jeito de usufruir a praia. No Pina, as cadeiras são de plástico, como aquelas do terraço de nossa casa, e um guarda-sol no meio. A praia para eles é uma extensão de casa, pois muitos banhistas moram nas comunidades próximas: Brasília Teimosa e Pina. "A gente frequenta o Pina, porque é mais perto de casa, fui nascida e criada nessa praia, por isso prefiro aqui mesmo", diz Fabíola da Silva, a qual encontrei passando no corpo água oxigenada para se bronzear, algo comum nas mulheres que frequentam o lugar.

Outra observação é a quantidade de lixo no local. Comecei minha caminhada por uma faixa onde pedras consomem quase toda a faixa de areia e, quando desci esta, deparei-me com uma canaleta onde o esgoto se dirige para o mar. Fabíola, apesar de saber da existência do canal, costuma tomar banho próximo ao lugar: "Tomo banho ali (apontando para um local pouco mais afastado da canaleta), mas na frente do esgoto, não", comenta. Fábio Silva, gari da Prefeitura do Recife, trabalha recolhendo o lixo da praia há 6 meses e reclama da quantidade retirada diariamente. "Aqui tem muito lixo mesmo, inclusive na areia. Por dia eu recolho mais de 10 sacos. O povo não contribui para uma praia mais limpa", desabafou Fábio. 

Algumas pessoas confundem, talvez pelo sentido do fluxo de carros, o começo da praia de Boa Viagem, mas dando uma olhada no calçadão e na ciclovia, pude perceber que a praia começa mesmo é no Pina. No caminho que percorri (exatos 1,60 km transformados em 2.769 passos), observei uma única lixeira na faixa de areia, mas no calçadão elas estavam bem distribuídas. Os banheiros da orla, até onde pude ver, eram bem cuidados e limpos, sempre com um funcionário da limpeza em cada um. Ainda na praia do Pina, os bancos e algumas quadras estavam em péssimo estado de conservação. O letreiro de 'Recife', que fica no 2º Jardim estava descascando na letra "C" e na sombrinha de frevo que fica ao lado, também tinha sinais de desgaste. 

Bruno Vilanova, engenheiro da prefeitura que estava supervisionando uma obra pouco adiante do Pina, disse que há uma certa dificuldade em desenvolver projetos para o local. "A comunidade é um pouco resistente a alguns projetos que levamos para lá, mas mesmo assim conseguimos fazer algumas coisas", comenta Bruno.

O calçadão, os banheiros e as academias são comuns a toda a orla de Boa Viagem e bem preservados, mas há uma visão nítida em relação ao cuidado com a faixa de areia e as quadras do local: no Pina elas são mais descuidadas, o que tira em parte a beleza do lugar. O Pina é o começo de tudo: o calçadão tem seu início e fim na praia e a ciclofaixa também, mas falta pensar melhor a tão turística e bem cuidada praia de Boa Viagem para a tão popular praia do Pina.

ANO NOVO POPULAR- Um palco começou a ser montado na praia para as festas de fim de ano. Bandas com ritmos populares como Faringes da Paixão (brega) ditam a festa no pólo. Às 20h30 Faringes da Paixão. Já às 22h20 está previsto para subir ao palco Almir Rouche e, logo após a queima de fogos, show da Banda Leva, que será seguida por Marron Brasileiro às 1h50 da manhã.

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