Metas

Recife quer reduzir 20% a emissão de gases poluentes até 2020

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 02/12/2015 às 17:40
Leitura:

3,120 milhões de toneladas de gás carbônico foram lançados na atmosfera do Recife em 2012 / Foto: Marcos Pastich/Acervo JC Imagem

3,120 milhões de toneladas de gás carbônico foram lançados na atmosfera do Recife em 2012 Foto: Marcos Pastich/Acervo JC Imagem

O verão ainda nem chegou (pelo calendário começa dia 22 de dezembro) e as reclamações sobre o calor já viraram rotina entre os recifenses. Não é à toa que a cidade é chamada por muito dos seus moradores de Hellcife – um trocadilho com a palavra “hell”, que significa inferno em inglês. O excesso de concreto, baixa arborização e a emissão de carbono são alguns dos fatores que contribuem para a formação de bolsões de calor na cidade. 

Na tentativa de reverter ou ao menos conter o aumento de temperatura no município, a Prefeitura do Recife lançou, no último dia 25 de novembro, duas metas para redução de Gases do Efeito Estufa (GEE). Até 2017, o município que reduzir em 14,92% a emissão de GGE. A segunda meta está prevista para 2020, quando a previsão de redução é de 20,8%. Os percentuais têm como base o levantamento de 2012, quando 3,120 milhões de toneladas de gás carbônico foram lançadas na atmosfera da capital pernambucana.

“Esperamos evitar que quase 1 milhão de toneladas de CO2 seja despejada na atmosfera. São números ousados, mas temos condições de atingir. As ações já foram iniciadas, como o replantio de árvores na área urbana, o controle da nossa reserva de Mata Atlântica e obras de mobilidade que incentivam o uso do transporte público e de veículos não motorizados. A implantação de mais faixas azuis e de ciclovias estão entre as ações”, afirma o secretário executivo de Sustentabilidade do Recife, Maurício Guerra.

Reserva de Mata Atlântica do Recife

Reserva de Mata Atlântica do RecifeFoto: Ricardo Labastier/JC Imagem

De acordo com Guerra, as ações iniciadas já renderam resultados positivos. Em 2014, foi registrada redução de 2,5% das emissões em relação ao ano anterior. Vale salientar que, em 2012, os estudos apontavam um aumento de 6% nas emissões. A redução teria sido possível devido à queda no consumo de combustível, à implantação do sistema de queima de biogás no CTR Candeias, aterro que recebe os resíduos do Recife, além do menor consumo de energia elétrica pelas residências.



Em relação às áreas verdes, o Recife é a terceira capital do Brasil que mais conserva a Mata Atlântica, segundo o levantamento do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica junto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Como somos carentes de áreas verdes nas ruas e avenidas da cidade, as áreas de floresta são de extrema importância. Mas o poder público precisa incentivar o replantio e a criação de áreas verdes. A lei municipal que estabelece a implantação de telhados verdes em novas construções com mais de quatro pavimentos foi um avanço. Espero que seja cumprida, assim como a promessa para replantio de árvores”, defende o especialista em conforto térmica, clima e aquecimento global Heliton Pandorfi, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

De acordo com a PCR, de 2013 até agora, mais de 40 mil mudas foram replantadas em vias da cidade. A meta é atingir o número de 100 mil mudas em 2015.

INTERIOR - Se os recifenses sofrem com o calor, no Interior de Pernambuco a situação é pior. Os sertanejos enfrentam o quinto ano seguido de seca, e o calor acaba sendo um problema secundário em meio ao aumento da desertificação e o esgotamento dos reservatórios de água. Sem conservação das matas ciliares (ao longo dos rios e reservatórios), vários açudes e reservatórios secaram. Queimadas e desmatamentos também colaboraram com o aumento assustador da desertificação. A área afetada já atinge 75 mil km², dos quais de 11.254 km² são irreversíveis. 

A desertificação já atingiu 75 mil km² do Sertão

A desertificação já atingiu 75 mil km² do SertãoFoto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem

De acordo com o Governo do Estado, desde 2001 foram estabelecidas metas para o enfrentamento desse fenômeno, com a criação do Plano Estadual de Mudanças Climáticas. As ações de combate à desertificação são desenvolvidas pela Secretaria de Meio Ambiente (Semas) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e contemplam 13 municípios do Sertão (Afrânio, Cabrobó, Carnaíba, Exu, Floresta, Lagoa Grande, Parnamirim, Santa Maria da Boa Vista, São Caetano, São José do Belmonte, Serra Talhada, Serrita e Triunfo).

De acordo com a Semas, cinco eixos são trabalhados: segurança hídrica, segurança alimentar e energética, saneamento básico, criação de unidades produtivas e capacitações para agricultores e professores dos municípios. O Governo, no entanto, não detalhou o andamento do plano.

HAJA CALOR - As previsões climáticas para os próximos três meses (dezembro a março) não são nada animadoras. De acordo com estudos da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), devido à influência do fenômeno El Niño, deve chover 20% a menos em relação ao mesmo período no ano passado. O pior é que as chuvas já estão abaixo da média. No Sertão, por exemplo, a média de precipitações é de 577 mm ao ano, mas em 2015 só choveu até agora 290 mm. Já a previsão da temperatura média para o Recife no próximo trimestre é de 30º C, podendo atingir máxima de 33º C. Para o Sertão, a média deve ser de 24º C, podendo alcançar até 41º C em dias mais quentes.

Mais lidas