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No encalço do mosquito Aedes Aegypti

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 30/11/2015 às 16:30
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 / Foto: Josi Pettengill/ Secom-MT/Fotos Públicas

Foto: Josi Pettengill/ Secom-MT/Fotos Públicas

"Armados" com calça jeans e sapatos fechados (roupas obrigatórias), além de larvicida e informações, o trabalho dos agentes de saúde é uma importante arma no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chicungunha e da zika. No Recife, os agentes visitam diariamente cerca de 20 a 25 casas e prédios à procura de focos e conscientizando a população sobre a importância de eliminar os criadouros. 

A equipe do #10Horas acompanhou o trabalho dos profissionais de saúde na manhã desta segunda, no bairro de Nova Descoberta, na Zona Norte. Eram por volta das 10h30 quando os agentes saíram da UPA Professor Bruno Maia em direção às casas que ficam na Avenida Josélia. A equipe, composta por três agentes, foi recebida em quatro casas. Outras duas estavam fechadas e foram "puladas" (os agentes voltam outro dia).

Antes de irem para a rua, os agentes se reúnem em uma unidade de saúde próxima ao local que vão visitar. Os bairros possuem, aproximadamente, 10 agentes, que são divididos por micro-áreas. Desta forma, eles andam pela região visitando as residências à procura de focos, que são eliminados. Quando existem recipientes para armazenar água abertos dentro das moradias, os agentes despejam larvicidas biológicos, que pode ser o BTIG e o WDG (utilizado em água potável).

De acordo com o supervisor geral de vigilância ambiental do Distrito Sanitário VII, Cleyton Marques, os moradores recebem visitas de agentes a cada dois meses. No distrito sanitário VII, os locais com maior incidência das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti são Nova Descoberta, Alto José do Pinho, Vasco da Gama e Morro da Conceição. "O maior problema que enfrentamos no combate ao mosquito são as casas fechadas. Poucas pessoas se recusam a nos receber, mas das residências que visitamos, cerca de 20% não têm ninguém, o que é um número muito alto", explica Cleyton. 

Em tempos de aumento no número de casos, ou de momentos como o que estamos vivendo, em que o governo decretou estado de emergência devido ao grande número de casos de microcefalia, que está relacionada à zika, são tomadas algumas medidas extras. Entre os exemplos estão os plantões aos fins de semana; ações educativas em escolas e associações de moradores e o que os agentes chamam de bloqueio. 

O bloqueio acontece quando uma unidade de saúde notifica um caso de dengue, chicungunha ou zika e os agentes vão ao endereço do morador doente, demarcam um perímetro de 150 a 200 metros e fazem uma inspeção à procura de focos. Também pode acontecer de os agentes irem na casa de alguém infectado com as doenças e fazerem o bloqueio, antes mesmo do caso ser notificado pela unidade de saúde.

Após o bloqueio, os agentes solicitam que passe o fumacê pelo local demarcado no bloqueio. "Antigamente era muito comum ver os carros de fumacê nos bairros, mas identificou-se que é mais efetivo combater as larvas do que os mosquitos, por isto hoje em dia só é utilizado nos casos em que há notificações", diz Cleyton. Ele afirma que o fumacê é um produto químico e é uma forma agressiva de combate ao Aedes aegypti, porque também pode matar outros insetos que estão no ambiente. "Não foi proibido, mas nós só trabalhamos com fumacê através de um cronograma e após o bloqueio".

A dona de casa Joselma da Silva, de 43 anos, já teve dengue duas vezes

A dona de casa Joselma da Silva, de 43 anos, já teve dengue duas vezesFoto: Mayra Cavalcanti/NE10

A dona de casa Joselma da Silva, 43 anos, já teve dengue duas vezes.  Na manhã desta segunda ela recebeu a visita dos agentes de saúde, e não foram identificados focos em sua casa. Isto porque, após contrair a doença, ela acabou adotando medidas para evitar a proliferação do Aedes aegypti. "Como aqui passamos vários dias sem água, eu tenho que armazenar. Então eu sempre deixo os depósitos com água e sempre lavo. De vez em quando ainda me deparo com algumas larvas, mas estou sempre alerta e logo elimino", declara.

ESPAÇO CIÊNCIA - Até o dia 22 de janeiro, o Espaço Ciência, em Olinda, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebe uma mostra interativa e gratuita sobre a dengue. Nesta segunda, o espaço promoveu dois encontros entre estudantes e a bióloga e doutoranda em Saúde Pública, Priscila Castanha.

Segundo ela, as palestras tiveram como objetivo responder às perguntas dos estudantes depois que eles visitaram a exposição. "Estamos tentando trabalhar com este público mais jovem, com uma linguagem simples pois acreditamos que eles sejam multiplicadores. O que eles aprenderam aqui sobre o Aedes aegypti eles irão repassar para os parentes, amigos e vizinhos e só com informação e ações podemos combater o mosquito", relata a pesquisadora.

Priscila conta que a dengue e a chicungunha também podem ser transmitidas pelo mosquito Aedes albopictus (além do Aedes aegypti), mas esta espécie é mais encontrada em outros países onde a dengue é endêmica. "Ainda não temos informações de que a Zika também seja transmitida por este mosquito", acrescenta. 

Além das três doenças, o Aedes aegypti também é transmissor da febre amarela. "A vacina da febre amarela foi desenvolvida na década de 90, então conseguiu-se ter um controle maior sobre a doença", comenta. A pesquisadora esclarece que várias instituições (inclusive brasileiras) estão desenvolvendo vacinas contra a dengue. "A que está em estágio mais avançado é a da Sanofi. Já foram feitos os testes clínicos e a empresa está em via de pedir para comercializar".

As visitas das escolas para conhecerem a mostra sobre a dengue devem ser agendadas pelo telefone: (81) 3183.5531.

EXÉRCITO - Apesar de o Governo federal ter colocado o Exército à disposição de Pernambuco para ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti, o Ministério da Saúde e o Exército afirmaram, através da assessoria de imprensa, que ainda não há atividades e treinamentos previstos até o momento.

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