Foi por volta das 8h20 que o policial militar Anderson Santos, 28 anos, chegou à Unidade Pronto Atendimento (UPA) Escritor Paulo Cavalcanti, mais conhecida como "da Caxangá", em referência à avenida em que fica situada, no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife. A esposa sentia fortes dores de cabeça e apresentava náuseas e vômito, por isso decidiu ir à unidade. Anderson ligava a cada 20 minutos para a companheira, que até o meio-dia, quando a reportagem deixou o local, não havia sido atendida. Na UPA, só é permitida a entrada de pacientes com acompanhante caso se trate de menor de idade ou idoso maior que 65 anos.
Policial militar Anderson Santos, 28 anos, esperava esposa ser atendidaFoto: Ana Maria Miranda/NE10
Outro que também enfrentava espera longa foi o vendedor Luís Alves, 29, nos bancos de madeira disponibilizados em frente à UPA. O sogro dele sentiu "desconforto" no peito e ele decidiu acompanhá-lo à unidade. Também através de contato telefônico, ele soube que o paciente tomou medicamento e aguardava para fazer um eletrocardiograma.
A estudante Dayane Carla, 20, esperou cerca de 2 horas para ser atendida - tempo considerado rápido para quem estava na classificação de "não-urgente" (pulseira verde). Ela estava com o tornozelo inchado após - de acordo com suspeita dela - pular corda em um evento beneficente de Dia das Crianças de que participou. "O médico só tocou na minha perna, passou um remédio e me deu o atestado", criticou, ressaltando que já havia ido à unidade e recebido melhor atendimento de outros profissionais.
De acordo com cartaz fixado na sala de espera, o paciente dessa categoria pode esperar até 4 horas para receber atendimento, uma vez que fica atrás das classificações "emergência" (pulseira vermelha, imediatamente) e "urgência" (pulseira amarela, em até 2 horas). Os níveis são definidos em triagem prévia. Antes disso, o paciente recebe uma senha na entrada.
Pacientes pegam senha e aguardam triagem na sala de espera Foto: Ana Maria Miranda/NE10
A média de atendimentos nas UPAs é de 350 pacientes, com 95% dos casos sendo resolvidos no local, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). A unidade faz atendimentos de ortopedia, clínica médica, pediatria e odontologia (a depender do perfil da região).
A aposentada Maria José Soares, 72, pegou a pulseira amarela, sentindo fortes dores na coluna. Dentro de aproximadamente 3h30, ela foi atendida, tomou um medicamento, fez raio X e esperava o resultado de outro exame para ser liberada. "De outras vezes, eles me davam uma injeção, mas parece que eles não têm", afirmou. Maria José elogiou a cordialidade e atenção dos funcionários da UPA.
O trabalhador autônomo Carlos Fabrício, 20, saiu da unidade de pronto atendimento às 11h45 após esperar desde as 8h30 um colega de trabalho que havia imprensado o dedo. O trabalhador passou por exame de raio X, fez um curativo e disse ter gostado do atendimento. A dupla deve voltar à unidade para saber se o paciente precisará ser deslocado de unidade de saúde para nova avaliação.
A sala de espera principal da UPA é grande e tem dois grupos de cadeiras, com capacidade para cerca de 40 pessoas. Limpo, o espaço conta com dois ar-condicionados, banheiros, inclusive adaptados para crianças e cadeirantes. Um bebedouro, localizado em frente aos sanitários, também é disponibilizado.
Ao todo, Pernambuco conta com 15 UPAs, sendo 12 no Grande Recife e 3 no interior. A primeira inaugurada foi a de Olinda, em janeiro de 2010. A última foi a de Petrolina, em julho de 2013.