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Exemplos de bom gerenciamento do lixo no Brasil e no mundo

Inês Calado
Inês Calado
Publicado em 07/10/2015 às 12:28
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Cuidar melhor do lixo não é um desafio apenas para os brasileiros - no País, apenas 3% do lixo produzido vai para reciclagem. Em todo o mundo, cidadãos e governantes se esforçam para dar um destino adequado aos resíduos sólidos. Um dos melhores exemplos é o município sueco Borás, que reaproveita 99% do seu lixo. No Japão, existem vários incentivos para que a população cuide bem do lixo que produz. 

Em Umuarama, no Paraná, o lixo reciclável é trocado por alimentos naturais / Foto: Prefeitura de Umuarama;divulgação

Em Umuarama, no Paraná, o lixo reciclável é trocado por alimentos naturais Foto: Prefeitura de Umuarama;divulgação

PARANÁ - Em Umuarama, no Paraná, o lixo reciclável é trocado por alimentos naturais. Cada quilo de material limpo é trocado por uma moeda verde, que pode ser usada em uma feira livre montada por agricultores locais. os resídios recolhidos pela prefeitrura são levados às centrais de catadores para serem reciclados.

SÃO PAULO - Há doze anos, moradores da Vila Nova Esperança, em São Paulo, plantaram uma horta comunitária num terreno que servia de lixão. Tudo que sai da horta é compartilhado na comunidade. O plantio periódico é feito em mutirões de até 50 pessoas e a proteção das hortaliças é feita com materiais reutilizados, como garrafas PET. Mas a comunidade colhe bem mais que verduras e hortaliças: colhe contribuições e parcerias. Em 2014, a companhia de saneamento do Estado de São Paulo cedeu um terreno vizinho para que o cultivo seja ampliado junto com a construção de uma creche e um campinho de futebol.

ALEMANHA - Escambo, doação, venda de coisas usadas. Num mundo sustentável só não vale aumentar a quantidade de lixo nas ruas e nos lixões. Quase toda cidade da Alemanha, seja grande ou pequena, tem uma comunidade virtual da rede Free Your Stuff, ou livre-se de suas coisas, em tradução livre.

O fenômeno não é uma exclusividade alemã: já existem grupos de Free Your Stuff em cidades como Nova Iorque e Barcelona. Mas, na Alemanha, observa-se uma verdadeira febre: Berlim, Bonn, Colônia, Hamburgo, Munique, Stuttgart, Leipzig, Nurembergue, Dresden, Frankfurt, Düsseldorf… É rara a cidade alemã que não tenha o seu FYS.

JAPÃO - O Japão é um dos países que mais recicla lixo no mundo. Dados revelam que 77% dos materiais plásticos são reciclados. A reutilização de garrafas PET chega a 72% (até 1995, não passava de 3%) e a de latas está em torno de 88%. Com 128 milhões de pessoas e pouco espaço para aterros, principalmente em metrópoles como Tóquio, o país incinera 80% do lixo que produz. 


Na Copa de 2014, os japoneses deram uma importante lição de cidadania. Depois do jogo contra a Costa do Marfim, na Arena Pernambuco, no Recife, eles recolheram o lixo. Foto: Diego Nigro/JC Imagem 

Nas estações de metrô de Tóqui, as PETs valem descontos nas passagens. Depositando cerca de 15 garrafas, é possível usar todas as linhas de metrô da cidade.

NOVA IORQUE - A estudante norte-americana Lauren Singer tem um blog sobre sustentabilidade que é um sucesso. Nele, ela documenta sua jornada rumo a uma rotina sem lixo e dá dica aos leitores sobre como assumir um estilo de vida mais leve, simples, saudável e sustentável.

Sua jornada começou em 2012 e, desde então, é impressionante ver a quantidade de lixo que ela produz. Para isso, ela incorporou uma série de hábitos: usa sacola retornável, recusa recibos em papel, está sempre com uma garrafa de água reutilizável, compra a granel e produz em casa os produtos de higiene pessoal e limpeza.

SUÉCIA - No município de Borás, na Suécia, 99% do lixo é reaproveitado. O sucesso da cidade depende de uma atitude bem simples: a separação dos resíduos sólidos nas próprias residências. Em Borás, a população dá um destino específico para cada tipo de lixo. O reciclável é entregue em pontos de coleta montados em supermercados. Já o lixo orgânico vai para sacos pretos, recolhidos pela prefeitura para geração de biogás. O restante vai para sacolas brancas que são incineradas e viram eletricidade. Com a economia, houve redução nas contas de luz e nas tarifas do transporte público.

ESTÔNIA - Na Estônia, um grupo de voluntários se uniu para coletar o lixo acumulado nas florestas do País, que ocupam metade do território do país europeu. A campanha Let's do it! aconteceu em maio de 2008 e reuniu mais de 500 parceiros para preparar a ação. ONGs, políticos, formadores de opinião, mídia e governo se engajaram no projeto. Mais de 600 voluntários fizeram o mapeamento das áreas a serem percorridas. No grande dia, mais de 50 mil pessoas apareceram para contribuir com o movimento. Para retirar as mais de dez toneladas de lixo, o governo teria demorado três anos e gasto mais de 22,5 milhões de euros. Para o mutirão, foi preciso apenas cinco horas e meio milhão de euros. 

 

NORUEGA - A geração de energia foi a maneira encontrada pela capital norueguesa, Oslo, para reduzir os aterros sanitários. Após a triagem dos resíduos, tudo que não pode ser reciclado vai para as usinas de incineração. A eletricidade produzida com o material que sobra da reciclagem alimenta os sistemas de aquecimento dos prédios públicos e os tanques de combustível do transporte coletivo. Para dar conta da demanda, Oslo chega a importar lixo de cidades da Inglaterra e da Irlanda.

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