Novas alternativas

Microempreendedores apostam na criatividade para se sobressair no mercado

Maria Luiza Veiga
Maria Luiza Veiga
Publicado em 05/10/2015 às 17:40
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Primeira food bike de Pernambuco vem bombando na capital recifense / Foto: Maria Luiza Veiga/NE10

Primeira food bike de Pernambuco vem bombando na capital recifense Foto: Maria Luiza Veiga/NE10

Bombando na internet ou na cozinha de casa mesmo, as microempresas aparecem como alternativas corajosas na economia atual que, como não é novidade, está enfrentando uma crise no setor de empregos formais. Para driblar o cenário, microempreendedores apostam suas fichas em negócios menores e formalizados, com responsabilidade de "gente grande", mas que custam menos e rendem tanto quanto - ou mais, proporcionalmente falando - do que as grandes empresas. 

DOCECLETA

"A gente começou brincando", disse Marcelo Moura, proprietário da Docecleta, a primeira food bike (do nicho de food trucks) de Pernambuco. Ele, de formação em gastronomia, e a esposa Mariana Paashaus, em hotelaria (com ênfase em gastronomia também), começaram há um ano fazendo brownies na cozinha de casa e hoje já tem quase 40 funcionários e diversos 'parceiros' -  que são 'franqueados' que compraram a marca, as bicicletas e também os próprios brownies, pela metade do preço, ao casal. Hoje, o empreendimento já recebe ligações de interessados em franquear "desde o interior de São Paulo até grande capitais", disse Marcelo. Sobre a crise, Mariana afirma que só começaram a sentir seus efeitos em agosto deste ano. "A gente vinha crescendo muito e nesse período deu uma freada; nós vendíamos nos shoppings, por exemplo, cerca de 750 brownies por dia e este número caiu para pouco mais de 400",comenta. O desafio, agora, segundo Marcelo, é focar na gestão do negócio. "Para crescer a gente precisa investir; o negócio só alavancou quando a gente começou a se formalizar, fazer tudo certinho. Eu sou cozinheiro de forno e fogão, então estou agora correndo atrás do Sebrae para aprender a administrar", finaliza. O investimento inicial para se tornar parceiro é de R$ 35 mil pela marca, além de aproximadamente R$ 1.500 reais por bicicleta, iniciando com um mínimo de quatro, totalmente equipadas. Segundo Marcela, não basta ter dinheiro para ser parceiro - tempo e perfil são fundamentais. "Nosso público é mais jovem, então o perfil do nosso parceiro tem que ser assim. Tem que ter, também, tempo 100% dedicado para o negócio, não tê-lo como segunda renda. Esse mercado exige dedicação total para se manter", complementa. O valor do brownie, para o público, é a partir de R$ 6.

Você pode encontrar as bicicletas em diversos pontos, que são sempre divulgados no instagram @docecleta. Há também pontos fixos nos shopping RioMar, Tacaruna e Recife. 

SABOR DE MEL 

Também fabricadas na cozinha de casa, as compotas da Sabor de Mel Doces Caseiros já existem há 15 anos e se formalizaram há 5. Os negócios vem crescendo ainda mais depois que Ana Carolina Marroquim, que está cursando publicidade, começou a integrar a microempresa da sua mãe e a trazer novidades para o negócio: uma delas foi a implementação de código de barras, possibilitando mercados maiores para os produtos. Com o cenário econômico atual, elas "sentiram" o aumento de gás e das embalagens, mas o lucro ainda é de 100%. "A gente não para; vamos até os clientes, colocamos nossos produtos em padarias, mercados, restaurantes. O que facilita é o nosso produto ter um preço em conta e ser muito bem aceito no mercado". A empresa conta com nove sabores de compotas, como mamão com coco, abacaxi e banana. A proposta é manter o negócio em família, sem abrir para outros empreendedores. Os preços variam, para revenda, de R$ 2,20 a R$15.

A Sabor de Mel ainda está se reformulando e não possui página no Facebook; o telefone de Ana Carolina para encomendas é (81) 9.8754-1751.

SEU ZÉ

No ramo de vestuário, a Seu Zé vem trazendo um serviço diferenciado como Micro Empreendedor Individual (MEI), especialmente a partir do sucesso no Instagram. A marca, que é de camisaria masculina, oferece um serviço de "box delivery", que é deixar uma caixa com diversos modelos e tamanhos onde o cliente está - seja em casa ou no trabalho mesmo - e ir buscar depois de 24 horas. Ela começou há quase um ano pelo casal Manoel Dambroski, que é publicitário, e Priscila Martins, designer de moda. "As camisas que ele usa são bem diferentes e eu disse 'você deveria fazer para vender'. Seis meses depois ele voltou com a ideia e a gente começou a produzir. Começamos com 15 camisas por mês e hoje a produção é 5 vezes maior", conta Priscila, que é sócia e trabalha na produção dos produtos. As camisas custam R$ 169 manga curta e R$ 179 manga longa.

Os modelos podem ser conferidos no instagram @seuzeformen.

JARDIM DA AURORA

A empresa de decoração começou há dois anos e surgiu de forma inusitada para as duas jornalistas Beatriz Braga e Mariana Braga. Apesar do mesmo sobrenome, elas são amigas de faculdade que se uniram num setor que não para nem aos finais de semana: decoração de festas como casamentos e aniversários. O primeiro "feeling" surgiu quando eram da comissão de formatura da faculdade.  "A gente achava as festas muito padronizadas e que não estavam ficando com a nossa cara. Decidimos organizar a nossa festa: a banda, o local que era bem diferente, a decoração, tudo foi escolha nossa. Depois, passamos a decorar festas de amigos até que resolveram crescer". O setor, para as meninas, está indo "muito bem, obrigada". "Não tem crise pra gente. Nós representamos uma alternativa nova no mercado. Por conta da crise as pessoas estão procurando fazer festas mais diferentes, adequando a decoração a realidade financeira. Elas estão parando de ver só aqueles profissionais famosos por muitos anos para olhar para as novas alternativas do mercado", conta Mariana.

Para orçamentos, vale entrar no site ou conferir no instagram @aurora.decor.

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