Relatos

A Avenida Agamenon Magalhães por quem a utiliza

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 21/09/2015 às 14:25 | Atualizado em 05/12/2022 às 11:55
Leitura:
Avanços de sinais de trânsito estão entre a principais infrações praticadas por motoristas / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Avanços de sinais de trânsito estão entre a principais infrações praticadas por motoristas Foto: Diego Nigro/JC Imagem




Insegurança e falta de respeito aos pedestres são as principais queixas das pessoas que circulam diariamente na Avenida Agamenon Magalhães. Considerada a principal via de ligação entre as cidades do Recife e de Olinda, a avenida também é de grande importância econômica por abrigar ao longo dos seus cerca de 4,8 km de extensão vários centros empresarias, hospitais, agências bancárias, clubes, supermercado, igrejas, praças e residências.

“Moro aqui há 38 anos. No início era uma tranqüilidade, o nosso edifício não tinha guarita e nem precisava de vigilante. Hoje os assaltos são freqüentes. Há menos de um mês, presenciei uma jovem sendo assaltada. Ela falava ao telefone na parada de ônibus quando foi surpreendida por um bandido, que tomou o aparelho”, conta a aposentada Maria Aparecida Almeida, 66 anos, moradora do edifício São Paulo, n. 2279.

O orientador de trânsito Carlos Eduardo da Silva, que atua na Agamenon Magalhães há um ano e meio, acredita que o número de assaltos seria reduzido com o reforço do policiamento na área. “Durante o dia, vejo algumas viaturas passando pela avenida, mas acredito que precisamos de policiais a pé, em pontos estratégicos da via. Várias vezes as vítimas pedem a nossa ajuda, mas sou apenas um fiscal de trânsito, não posso fazer nada”, afirma Carlos Eduardo. Ele contou ainda que alguns assaltantes fingem ser pipoqueiros para roubar motoristas e pedestres.

Vendedores ambulantes também cobram policiamento

Vendedores ambulantes também cobram policiamentoFoto: Mariana Dantas/NE10

O “disfarce” utilizado pelos assaltantes acaba prejudicando os “vendedores de verdade”. “Somos vítimas de preconceito, os motoristas fecham o vidro quando se aproximam do semáforo. Mas eu até entendo, talvez fizesse o mesmo, já que muitos bandidos fingem ser trabalhadores como nós. Acho que essa situação só seria resolvida com o policiamento”, desabafa Carlos Alberto, 50, que há mais de 15 anos vende pipoca e água mineral na Agamenon.

O Portal NE10 entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social para solicitar informações sobre o efetivo policial que atua na avenida e o número de assaltos nos últimos meses. Até a publicação desta matéria (14h30), a SDS ainda não havia informado sobre como é realizado o policiamento na área. Em relação ao número de assaltos, o órgão explicou que não faz monitoramento por logradouro, mas por Áreas Integradas de Segurança (AIS), que é composta por bairros. Ou seja, como a Avenida Agamenon corta vários bairros (ex: Santo Amaro, Derby, Torreão, Boa Vista e Ilha do Leite), infelizmente, não há como saber o número estimado de crimes que ocorrem na via.

FALTA RESPEITO AO PEDESTRE - Os pedestres que utilizam a Agamenon precisam ter atenção redobrada ao cruzar a via, mesmo utilizando a faixa de pedestre. De acordo com o orientador de trânsito Carlos Eduardo, as infrações mais freqüentes praticadas pelos motoristas são fechamento indevido de cruzamentos e avanços de sinais.

 Manoel Matias foi atropelado por uma moto

Manoel Matias foi atropelado por uma moto Foto: Mariana Dantas/NE10

No último dia 29 de agosto, o aposentado Manoel Matias Borba, 68, foi atropelado por uma moto quando atravessa a Agamenon Magalhães, na faixa de pedestre em frente ao Hospital da Restauração. “O motoqueiro avançou o sinal e me atingiu na perna. Cheguei a ser socorrido no hospital, mas graças a Deus não foi nada grave. Mas poderia ter morrido”, afirma o motorista.

A dona de casa Maria da Penha Oliveira, 40, que mora no conjunto de casas próximo ao Shopping Tacaruna, no bairro de Santo Amaro, também reclama da falta de respeito dos motoristas e defende uma faixa de pedestre em frente à sua comunidade. “A faixa mais próxima fica a mais de 200 metros daqui. É muito longe, principalmente para os mais idosos. Os carros não reduzem a velocidade quando avistam o pedestre”, reclama Maria da Penha. A demanda por mais faixas de pedestres é comumente motivo de protestos realizados pela comunidade na via.